Subsídios Lições Bíblicas - Adultos - Lição 6: Quem domina a sua mente


Lição 6: Quem domina a sua mente

1º Trimestre de 2019 
ESBOÇO GERAL
INTRODUÇÃO
I – SOBRE A EPÍSTOLA AOS FILIPENSES
II – SOBRE A “MENTE” NO CONTEXTO BÍBLICO
III – SOBRE A MENTE DE CRISTO
CONCLUSÃO

OBJETIVOS GERAL
Mostrar que o seguidor de Jesus tem a mente de Cristo.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
I. Explicar a epístola aos Filipenses;
II. Conceituar a palavra “mente” no contexto bíblico;
III. Expor o conceito da expressão “a mente de Cristo”.

Quem domina a sua mente?

Esequias Soares
Daniele Soares
   LIVRO BATALHA ESPIRITUAL

Jesus nos chama para amar o Senhor, nosso Deus, de todo o nosso coração, de todo o nosso entendimento e com toda a nossa força (Mc 12.33), ou seja, devemos servi-lo com tudo o que somos. Dessa forma, é pertinente entendermos de que forma nossa mente está relacionada à vida espiritual e ao comportamento humano como um todo. Valorizar o intelecto não é subestimar ou negar o relacionamento com Deus, que é sustentado pela oração, adoração e reflexão; pelo contrário, é entender melhor a complexidade do mundo e da experiência humana a fim de melhor servirmos ao Reino de Deus.

Por conta do pecado, há tendência de o ser humano ser conduzido pelos poderes malignos (Ef 6.10-13), condição que só pode ser alterada por Jesus Cristo, que nos leva das trevas para a luz (1 Pe 2.9). Os que vivem em Cristo têm sua mente reconciliada com Deus (Cl 2.2).

LENDO FILIPENSES 4.4-9

No pensamento paulino, o ser humano é composto por uma dimensão corpórea e uma incorpórea. É um ser com corpo (2 Co 4.10, 11; Cl 1.22), que raciocina e entende com a inteligência (1 Co 14.14-16) e com as emoções (Rm 12.15). As principais palavras empregadas pelo apóstolo para expressar essas funções são corpo (soma), carne (sarx), coração (kardia), espírito (pneuma), alma (psyche) e mente (nous). O objetivo não é explorar o uso de cada um desses termos por Paulo e suas implicações teológicas, mas simplesmente entender que esses elementos dependem uns dos outros para que o ser humano desempenhe suas atividades, desenvolva seu caráter e decida seu comportamento.

Na passagem de Filipenses 4.4-9, o apóstolo Paulo apresenta pontos importantes do comportamento cristão que deveríam ser trabalhados e desenvolvidos pelos filipenses. São abordadas tanto a vida devocional do crente quanto a sua ética. Depositar o intelecto em Cristo implica buscar a presença de Deus, desfrutar da paz divina, imitar e praticar ações que criam hábitos e formam caráter. Esses conselhos são úteis ainda hoje para nós, que vivemos numa sociedade cujos valores parecem exigir ações justas e tolerantes por parte de seus cidadãos.

Os crentes da igreja de Filipos viviam um momento de conflito pois suas crenças e práticas eram hostis aos costumes romanos. A cidade de Filipos era uma colônia romana com aproximadamente 10 mil habitantes, localizada na Macedônia. A influência romana se dava sobretudo pelas instituições, a influência religiosa principalmente por meio do culto ao imperador. A carta aos filipenses não menciona diretamente um problema da igreja (Fp 1.27-30), mas podemos notar que o apóstolo os encoraja a manter a alegria e a comunhão, mesmo num contexto de dificuldades, porque eles estão em Cristo.

Na passagem em questão, o apóstolo fala sobre alegrar-se (v. 4), viver bem em comunidade (v. 5) e seguir o que é excelente e louvável (v. 8). Esse padrão de vida era desejado por qualquer pessoa - judeu, romano e cristão; então, qual o diferencial que Paulo apresenta nessa passagem em relação ao que os filósofos e pensadores não faziam?

A alegria de que Paulo fala está no Senhor. O apóstolo enfatiza aos filipenses que eles se regozijem no Senhor (v. 4). No capítulo 1 de Filipenses, Paulo escreveu sobre sua alegria, mesmo estando encarcerado e sabendo dos pregadores mal-intencionados (1.18). No capítulo 3, Paulo desejava que os filipenses o imitassem e se alegrassem também, porque "a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador" (3.20b).

A alegria do cristão se mostra como a resposta ao reconhecimento da presença de Deus mesmo quando a situação é de sofrimento ou problema. Gordon Fee, em seu comentário sobre a carta aos Filipenses, explica que não se trata de uma alegria temporal, mas de uma alegria fundamentada no relacionamento da pessoa com Deus; é expressão da qualidade de uma profunda vida espiritual. A alegria de que Paulo fala, portanto, deve ser alvo do crente, algo que se deve buscar na presença do Senhor.

Em seguida, Paulo escreve sobre a tolerância que as pessoas precisam ter umas com as outras (v. 5). De difícil tradução, a ARC traduziu tolerância por "equidade"; a NAA, por "moderação". Gordon Fee explica que o termo se refere ao modo gentil como Deus e os nobres tratam os outros. Segundo Paulo, vemos que o tratamento que se dá aos outros importa para Deus. No contexto social dos filipenses, em que a hostilidade religiosa era uma realidade, importava que os cristãos soubessem reagir às contrariedades, tratando as pessoas com gentileza.

Até então, aparecem duas expressões externas daqueles que estão em Cristo: a alegria e a moderação. A experiência incor- pórea se mostra pelo agir do corpo, no modo como o cristão se comporta. O apóstolo Paulo recomenda que assim devem agir aqueles que servem ao Senhor, ou seja, alegrar-se e ser moderado resulta de um aprendizado da vida cristã. As pessoas de fora da igreja olhariam para os crentes filipenses e testemunhariam um comportamento que contrariava a circunstância de aflição.

"O Senhor está perto" (v. 5b). Essa expressão parece deslocada no meio da passagem, podendo estar relacionada aos que se alegram e tratam os outros com moderação, ou aos que estão preocupados. Assim, damos uma dupla leitura, podendo indicar tanto uma esperança escatológica, pois o apóstolo tem em vista o Dia de Cristo (1.6, 10; 3.20), quanto o tempo presente, pois o Senhor está perto daqueles que o invocam (Sl 145.18). Por meio da oração e da súplica (v. 6), Paulo explica que os filipenses podem levar tudo a Deus. Ou seja, a maneira de lidar com o sofrimento e dificuldades da vida é pelo relacionamento e pela conversa franca que se estabelece com Deus.

Para quem está em Cristo, não há motivo para preocupação. Craig Keener, em A mente do Espírito, ressalta que "a alternativa de Paulo para a preocupação não consiste em tentar ansiosamente suprimi-la, mas em reconhecer as necessidades diante de Deus e entregá-las a ele" (p. 312). Num mundo como o nosso, no qual muitas pessoas sofrem por ansiedade e o mercado rapidamente procura ofertar produtos que atendam a demanda, serve para nós a recomendação do apóstolo Paulo dada aos filipenses para que o receio não seja ignorado, mas sim entregue ao Senhor por meio da oração.

A oração e a súplica, nessa passagem, revelam-se práticas que devem ser constantes na vida do cristão. O apóstolo Paulo acrescenta que são acompanhadas de ações de graças. A expressão de alegria acompanhada de oração aparece nos salmos; é exemplo de como essas práticas tomam forma no dia a dia (Sl 64.10; 68.3; 95.2; 96; 98.4). Além disso, ao mesmo tempo que nos dirigimos ao Senhor com os problemas, também agradecemos. Encontramos a oração dos momentos de sofrimento nos salmos de lamento (Sl 39, 42, 109, 142, etc.), em que lamentamos as tribulações não para reclamar da vida, mas para louvar a Deus pela sua grandeza e misericórdia, agradecendo de antemão pela resposta da súplica. Isso revela a confiança que temos no poder de Deus para intervir e cuidar de cada servo, e nos encoraja a passar pela situação difícil. Essa postura de entregar-se ao Senhor, portanto, é reconhecimento da soberania divina.

Com essa firme confiança em Deus, vem a paz. A paz de Deus na vida do cristão é o que guarda seu coração e sua mente (Fp 4.7). Enquanto o crente deve buscar a alegria e a moderação e dedicar-se à oração, a paz divina lhe é dada. A paz de Deus na Bíblia aparece no sentido de completude (1 Sm 25.6; Sl 122.6; Jr 29.7); não significa ausência de conflito. O apóstolo Paulo escreve sobre uma paz que ultrapassa a compreensão humana, é algo que somente Deus pode dar, é uma experiência íntima do cristão. Isso significa dizer que Deus cuida da pessoa por inteiro, pois é a paz divina que guarda o coração, de onde "procedem as fontes da vida" (Pv 4.23), e também a mente, que é a faculdade de processar o pensamento (2 Co 3.14; 4.4).

O sentido de "guardar" é militar. A mesma palavra aparece em 2 Coríntios 11.32, "manter guarda", e em Gálatas 3.23, "estar sob tutela". Tendo em vista a situação da cidade de Filipos, Gordon Fee aponta para o contraste entre a paz que provém de Deus e a força coerciva que guarda os cidadãos em nome da pax romana. Ou seja, o apóstolo Paulo está diferenciando o senhorio de Deus e o senhorio de César.

A maneira pela qual a paz de Deus acontece está no versículo 8. Ao entregar o intelecto e as emoções a Cristo, os hábitos e os pensamentos se voltam ao que é verdadeiro, honesto, justo, puro, amável e de boa fama. Primeiro, o apóstolo Paulo explica genericamente as virtudes que pertencem à linguagem moral do mundo greco-romano. As quatro virtudes cardeais descritas na República, de Platão (IV, 428-430,433) são prudência/sabedoria, coragem, temperança e justiça. Os antigos já exortavam as pessoas a pensarem nas coisas boas. A virtude era entendida como a capacidade de realizar determinada tarefa, e era necessário tê-la para ser feliz e livre. Assim, a lista apresentada pelo apóstolo Paulo no versículo 8 chama atenção para o que é oferecido de bom na cultura dos filipenses.

No entanto, há uma diferença: os filipenses deveríam, primeiro, identificar as coisas que são verdadeiras, honestas, justas, puras, amáveis e de boa fama, para, então, entre estas coisas, pensar com cautela no que há virtude e no que há louvor3. Em seguida, o critério de avaliação é ter por referência a vida de Paulo (v. 9), aquilo que o apóstolo os ensina e a maneira como ele vive (Fp 1.3-5, 20, 27-30) . "Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho" (Fp 1.21), ou seja, os filipenses deveríam imitar o apóstolo da mesma maneira que Paulo seguia a cruz de Cristo (Fp 3.17).

Há interpretações distintas sobre o sentido do versículo 8. A leitura de Gordon Fee entende que Paulo escreveu que os filipen- ses deveríam absorver o que é bom, não importando o que fosse. Isso, no entanto, deveria acontecer de maneira discriminatória, fundamentada no evangelho que o apóstolo pregava e vivia. É o evangelho do Messias crucificado, cuja morte na cnrz não só redime como também revela o caráter de Deus no qual as pessoas são transformadas continuamente.

A interpretação de Stephen Fowl ressalta o emprego dos adjetivos - verdadeiro, honesto, justo, puro, amável e de boa fama - a que tipo de pessoas, coisas e ações esses qualificativos são aplicados. As palavras podem ser usadas de maneiras inconciliáveis (l Co 1.18-2.16); o que é puro para o não-crente pode não o ser para o crente. Por isso, o contraste de Paulo entre a cultura greco-romana e a da cruz é discernir pessoas, coisas ou ações que parecem ser favoráveis daquelas que realmente são. Assim, o que diferencia o crente do não-crente é o agir com sabedoria. O ensino do apóstolo, portanto, é que em Cristo a pessoa precisa ver além da aparência.

Em suma, para fazer a distinção dos valores, os filipenses precisavam de referenciais: experiência com Deus por meio da alegria (v. 4), moderação (v. 5), paz divina (v. 7), ensino e imitação de Paulo (v. 9). É Deus operando no ser humano completo por meio do Espírito Santo no funcionamento articulado do corpo, do intelecto e das emoções. Vivendo dessa maneira, um novo caráter se desenvolve; a pessoa não mais vive pela carne, mas sim pelo Espírito Santo (Fp 3.3), e a paz de Deus a acompanha.

Há diferenças que o apóstolo Paulo oferece na carta aos Filipenses em relação aos ensinos dos filósofos e dos pensadores. A alegria está no Senhor, não na autossuficiência. Lidar com os problemas é entregá-los a Deus pela oração e não por autocontrole. Em vez de um discurso filosófico sobre desenvolvimento de virtudes pessoais, o ensino de Paulo é para uma vida centrada em Cristo. Fowl aponta que se regozijar no Senhor (Fp 3.1; 4.4) reflete a comunhão da igreja de Filipos, o que a diferenciava dos vizinhos pagãos. Assim, a comunhão dos filipenses apresentava um corpo político alternativo, governado por um Senhor distinto.

A MENTE DE QUEM ESTA EM CRISTO





Estando em Cristo, a pessoa se torna nova criatura; há mudança de caráter. Esse é o pensamento paulino presente em diversas epístolas. Antes, a pessoa pensava de determinada forma e tinha um modo de agir; em Cristo, a transformação deve ser completa. Nos escritos paulinos, há uma descrição não-exaustiva de alguns elementos do comportamento da nova criatura. São instruções para ajudar na vida cristã.

Em Cristo, a pessoa completa - corpo, intelecto e emoções - deve estar voltada para viver conforme o propósito divino. Ter a nova identidade é revestir-se de Cristo, ou seja, aprender as virtudes do seu caráter. A santificação consiste, de acordo com a Declaração de fé das Assembléias de Deus, na separação do pecado e dedicação a Deus. Assim, sendo nova criatura, esse processo de santificação envolve prática das virtudes, mudança de comportamento e desenvolvimento de novos hábitos.

Uma maneira de aprender é imitando exemplo de outras pessoas. O apóstolo Paulo recomenda que os filipenses imitem seu modo de viver (Fp 3.17), o que aparece também nas cartas aos coríntios (1 Co 4.16; 11.1) e aos tessalonicenses (1 Ts 1.6; 2.14; 2 Ts 3.7-9). A imitação era um exemplo moral no mundo antigo, como aparece em Sêneca na obra Epistulae Morales ad Lucilium (Cartas morais a Lucílio). O discípulo aprendia com os mestres, que já tinham mais experiência. Dessa forma, as instruções do mestre Paulo para fazer como ele, seguindo a cruz, seriam para a formação dos discípulos que iniciam a vida em Cristo.

Servir aos outros e não somente a si próprio é uma característica que deve ser desenvolvida na vida daquele que serve a Deus. Jesus Cristo é o modelo essencial, "que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus" (Fp 2.6). Keener aponta que pensar como Cristo (1.7; 2.2, 5; 3.15, 19; 4.2, 10) era apelo à unidade e comunhão, assunto comum no Mediterrâneo por conta das divisões. A preocupação deveria ser servir aos outros e não ocupar uma posição. Além de Paulo (Fp 2.17; 4.9), Timóteo (Fp 2.19-22) e Epafrodito (Fp 2.25-30) são outros nomes mencionados como modelos a serem imitados pela postura de servos.

Além da imitação, a prática também é uma maneira de desenvolver o novo caráter (Fp 1.9, 25). A alegria é uma virtude explorada na carta aos filipenses, virtude que é fundamentada no Senhor. Tendo em vista o futuro glorioso com Cristo e a presente intervenção divina que dá esperança em meio à tribulação, os filipenses deveríam praticar a alegria. Fowl explica que a alegria "é resultado da formação disciplinar da maneira de pensar e agir no mundo [...] é o sinal de que os filipenses estão sendo formados na maneira que Paulo defende" (p. 181). A tolerância com todas as pessoas também é uma qualidade a ser trabalhada. James Smith, em Você é aquilo que ama, mostra que a virtude não se adquire pelo intelecto, mas pelo afeto. "O ensino da virtude é um tipo de formação, uma reciclagem de nossas disposições" (p. 39). Assim, é importante que as práticas se tornem hábitos. Os filipenses, então, deveríam voltar suas disposições ao regozijo e à gentileza, para que eventualmente elas moldassem o caráter e formassem a nova identidade.

A formação da vida cristã vista desse contexto aponta para o desenvolvimento de um estilo de vida baseado na maneira de analisar e decidir pelas coisas excelentes que levam ao caminho da salvação em Jesus Cristo. A maneira como o crente se comporta e trata as pessoas irradia de diversas maneiras no mundo ao seu redor, dando oportunidade para que a redenção aconteça. Em primeiro lugar, há um ganho individual que é o amadurecimento espiritual, por conhecer cada vez mais a Deus por meio das experiências. Em segundo, a Igreja como um todo se enriquece com a comunhão daqueles que se dedicam a servir a Deus e aos outros. Isso é o testemunho de Cristo, é o evangelho proclamado para alcançar aqueles que ainda não receberam a salvação.

O USO DO INTELECTO E A BATALHA ESPIRITUAL

A batalha espiritual é o ataque do inimigo contra os crentes, por isso a defensiva deve estar preparada. Como novas criaturas que se dedicam à santificação e têm sua identidade moldada pela prática das virtudes, aqueles que estão em Cristo se aperfeiçoam a cada dia em conhecimento intelectual, emocional e espiritual contra as adversidades. Na passagem de Filipenses 4.4-9, vemos que para a vida cristã é significante praticar a alegria e a moderação, orar, agradecer e refletir cuidadosamente sobre as virtudes. Portanto, a redenção da cruz redime o ser humano do pecado e garante que a transformação do seu caráter aconteça continuamente. O resultado é experimentar a paz de Deus e a comunhão uns com os outros.

Num mundo em que a batalha espiritual é reconhecida pelo medo e pela ansiedade que as pessoas sentem, a mensagem de Paulo aos filipenses se torna necessária e eficaz. A paz que só o Senhor pode oferecer acompanha a mente santificada para não cair nas armadilhas da insegurança.

Videoaula - pastor Esequias Soares



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