Lições Bíblicas CPAD
Jovens e Adultos
3º Trimestre de
2014
Título: Fé e Obras —
Ensinos de Tiago para uma vida cristã autêntica
Comentarista: Eliezer de
Lira e Silva
Lição 2: O propósito
da tentação
Data: 13 de
Julho de 2014
TEXTO ÁUREO
“Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações,
sabendo que a prova da vossa fé produz a paciência” (Tg 1.2,3).
VERDADE PRÁTICA
O triunfo sobre a tentação fortalece-nos espiritualmente e nos torna
mais íntimos de Deus.
HINOS SUGERIDOS
34, 195, 246.
LEITURA DIÁRIA
Segunda - Pv 1.10
Tentado, não cedas!
Terça - Hb 2.18
Jesus foi provado
assim como nós
Quarta - 1Pe 1.7
Tentação, a
provação da fé
Quinta - Dt 8.2,3
Conheça a ti mesmo
Sexta - Mt 26.41
Vigilância e oração
Sábado - 1Pe 5.9
Identificação
através das provações
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Tiago 1.2-4,12-15.
2 - Meus
irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações,
3 - sabendo
que a prova da vossa fé produz a paciência.
4 - Tenha,
porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos,
sem faltar em coisa alguma.
12 - Bem-aventurado
o varão que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da
vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam.
13 - Ninguém,
sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo
mal e a ninguém tenta.
14 - Mas cada
um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência.
15 - Depois,
havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo
consumado, gera a morte.
INTERAÇÃO
“Pare de sofrer!”, “É tempo de vitória!”, “Você vai conquistar!”. Estas
são frases de efeito bem conhecidas no meio evangélico. Nelas, está presente a
ideia do não sofrimento. A lição desta semana é um resgate do ensino bíblico
quanto ao valor do sofrimento por Cristo e da sua importância para o nosso
crescimento espiritual. A epístola de Tiago nos mostra que devemos nos alegrar
na tentação, pois a partir desta reconhecemos a nossa inteira dependência de
Deus. O sofrimento é uma realidade e não podemos fugir dele. Em Cristo, temos o
privilégio de sofrermos para a honra do seu nome. A cruz de Cristo é a glória
do Evangelho!
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
· Conceituar a
tentação.
· Pontuar a origem da
tentação.
· Compreender o
propósito da tentação.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
“Pela tentação de Jesus Cristo, a tentação de Adão chegou ao fim. Tal
como na tentação de Adão caiu toda a carne, assim toda a carne foi libertada do
poder de Satanás na tentação de Jesus Cristo, pois Jesus Cristo carregou nossa
carne, ele sofreu nossa tentação e obteve triunfo” (Dietrich Bonhoeffer).
Prezado professor, reproduza este fragmento textual conforme as suas
possibilidades e distribua-o aos alunos. Conclua a lição refletindo, juntamente
com a classe, sobre o texto do teólogo alemão. Afirme que há um Sumo Sacerdote
que em tudo foi tentado, mas sem pecado: Jesus Cristo. Este é a mediação entre
Deus e o homem e, por isso, podemos ir ao Pai com confiança (Hb 4.15,16).
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Tentação: Impulso
para a prática de alguma coisa censurável ou não recomendável.
Definitivamente, o homem moderno não está preparado para sofrer. Os
membros de muitas igrejas evangélicas, através da Teologia da Prosperidade, têm
se iludido com a filosofia enganosa do “não sofrimento”. O resultado é que
quando o iludido sofre o infortúnio, perde a fé em “Deus”.
Mas, que se entenda bem, num “deus” que nada tem com as Escrituras! A
lição dessa semana tem o objetivo de resgatar esse ensinamento evangélico (Tg
1.2). Aprenderemos acerca da tentação, do sofrimento e da provação, não como
consequência de uma vida de pecado ou de falta de fé, mas como o caminho
delineado por Deus para o nosso aperfeiçoamento. Ninguém melhor do que Jesus
Cristo, com seu exemplo de vida, para nos ensinar tal lição (Hb 5.8). O convite
do Mestre é um chamado ao sofrimento por amor do seu nome (Jo 16.33; Mt
5.10-12).
I. O FORTALECIMENTO
PRODUZIDO PELAS TENTAÇÕES (Tg 1.2,12)
1. O que é tentação. O termo empregado na Bíblia tanto no
hebraico, massah, quanto no
grego, peirasmos, para tentação,
significa “prova”, “provação” ou “teste”. A expressão pode estar relacionada
também ao conflito moral, isto é, a uma incitação ao pecado. De fato, como
mostram as Escrituras, a tentação é uma provação, uma espécie de teste. O
pecado, por sua vez, já se trata de um ato imoral consumado. Por isso, a
tentação não é, em si mesma, pecado, pois ninguém peca quando passa pelo
processo “probatório”. A própria vida terrena do Senhor Jesus demonstra, com
clareza, a distinção entre tentação e pecado. A Epístola aos Hebreus afirma que
Jesus, o nosso Senhor, em tudo r foi tentado. Ele foi provado e testado em
todas as coisas. Todavia, o Mestre não pecou (Hb 4.14-16). Portanto, confiantes
de que Jesus Cristo é o nosso Sumo Sacerdote perfeito, devemos nos aproximar,
com fé, do trono da graça sabendo que Ele conhece as nossas tentações e pode
nos dar a força necessária para resistirmos (1Co 10.13).
2. Fortalecimento após a tentação (v.2). Do mesmo modo
que o ouro precisa do fogo para ser refinado ou purificado, o cristão passa
pelas tentações para se aperfeiçoar no Reino de Deus (1Pe 1.7). Quando tentado,
o crente é posto à prova para mostrar-se aprovado tal como Cristo, que foi
conduzido ao deserto para ser tentado por Satanás e embora debilitado e provado
espiritualmente, saiu do deserto vitorioso e fortalecido, tendo em seguida
iniciado seu ministério terreno de pregação a respeito do Reino de Deus (Lc
4.1-13). À luz do exemplo de Cristo, compreendemos bem o que Tiago quer dizer
quando exorta-nos a termos “grande gozo quando [cairmos] em várias tentações”.
Tal conselho aponta para a certeza de que ao passar pela tentação, além de
paciente e maduro, o crente se sentirá ainda mais fortalecido pela graça de
Deus.
3. Felicidade pela tentação (v.12). Quando o cristão é submetido às
tentações há uma tendência de ele entregar-se à tristeza e à angústia. Mas
atentemos para esta expressão: “Bem-aventurado o varão que sofre a tentação”.
Em outras palavras, como é feliz, realizado ou atingiu a felicidade aquele
crente que é provado, não em uma, mas em várias tentações (v.2). Ser
participantes dos sofrimentos de Cristo e ao mesmo tempo felizes parece
paradoxal. A Bíblia, porém, orienta-nos a que nos alegremos em Deus porque a
tribulação produz a paciência, e esta, a experiência que, finalmente, culmina
na esperança (Rm 5.3-5). Isto mesmo! Vivemos sob a esperança de receber
diretamente de Jesus a coroa da vida. Uma recompensa preparada de antemão pelo
nosso Senhor para os que o amam. Você ama ao Senhor? É discípulo dEle? Então,
não tema passar pela tentação. Há uma promessa: Você “receberá a coroa da vida,
a qual o Senhor tem prometido aos que o amam”. Alegre-se e regozije-se em ser
participante das aflições de Cristo, pois é justamente nessa condição — de
felicidade verdadeira —, que Ele nos deixará por toda a eternidade quando da
revelação da sua glória (1Pe 4.12,13)!
SINOPSE DO TÓPICO (I)
A
tentação é uma espécie de prova ou teste, que uma vez vencido, fortalece a vida
do crente.
II. A ORIGEM DAS
TENTAÇÕES (Tg 1.13-15)
1. A tentação é humana. Embora a tentação objetive
provar o crente, as Escrituras afirmam que ela não vem da parte de Deus, mas da
fragilidade humana (Tg 1.13). O ser humano é atraído por aquilo que deseja. A
história de Adão e Eva nos mostra o primeiro casal sendo tentado por aquilo que
lhe atraía (Gn 3.2-6). Mesmo sabendo que não poderiam tocar na árvore no centro
do Jardim do Éden, depois de atraídos pelo desejo, Adão e Eva entregaram-se ao
pecado (Gn 3.6-9). A Epístola de Tiago aplica o termo “gerar”, utilizado no
versículo 15, à ideia de que ninguém peca sem desejar o pecado. Assim, antes de
ser efetivamente consumada, a transgressão passa por um processo de gestação
interior no ser humano. Portanto, a origem da tentação está nos desejos humanos
e jamais no Altíssimo, “porque Deus [...] a ninguém tenta”.
2. Atração pela própria concupiscência. O texto
bíblico é claro ao dizer que “cada um é tentado, quando atraído e engodado pela
sua própria concupiscência” (v.14). A tentação exterioriza o vício, os desejos,
a malignidade da natureza humana, isto é, a concupiscência. Ser tentado é
sentir-se aliciado pela própria malícia ou os sentimentos mais reclusos de
nossa natureza má. Você tem ouvido o ressoar das suas malícias? Elas te atraem?
Ouça a Epístola de Tiago! Não dê vazão às pulsões interiores, antes procure
imitar Jesus afastando-se do pecado. Assim, não darás luz ao pecado e viverás.
3. Deus nos fortalece na tentação. Embora a tentação seja fruto da
fragilidade humana, quando ouvimos o Espírito Santo, Deus nos dá o escape em
tempo oportuno: “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus,
que vos não deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará
também o escape, para que a possais suportar” (1Co 10.13). O Santo Espírito nos
fará lembrar a Palavra de Deus para não pecarmos contra o nosso Senhor
Altíssimo (Is 30.21; Jo 14.26). Todavia, para que isso seja uma realidade em
nossa vida, precisamos cultivara Palavra de Deus em nossos corações (Sl
119.11).
SINOPSE DO TÓPICO
(II)
A
origem das tentações é a fragilidade humana, a atração pela própria
concupiscência. Todavia, Deus é a fonte do nosso fortalecimento na tentação.
III. O PROPÓSITO DAS
TENTAÇÕES (Tg 1.3,4,12)
1. Para provar a nossa fé (v.3). Na época de Tiago, os cristãos
estavam desanimados por passarem duras provas de perseguição. No versículo
três, o meio-irmão do Senhor utiliza então o termo “sabendo”, o qual se deriva
do verbo grego ginosko e significa
saber, reconhecer ou compreender, para encorajá-los a compreenderem o propósito
das lutas enfrentadas na lida cristã: Deus prova a nossa fé (Tg 1.12). À
semelhança do aluno que estuda e pesquisa para submeter-se a uma prova e, em
seguida, ser aprovado e diplomado, os filhos de Deus são testados para
amadurecer a fé uma vez dada aos santos (Jo 16.33; Jd 3). O capítulo 11 da
epístola aos Hebreus lista inúmeras pessoas que tiveram sua fé provada, porém,
terminaram vitoriosas e aprovadas. Por isso o referido texto bíblico é
conhecido como a “galeria dos heróis da fé”.
2. Produzir a paciência (vv.3,4). No grego, “paciência” deriva
de hupomone e denota a
capacidade de perseverar, ser constante, ser firme, suportar as circunstâncias
difíceis. A palavra aparece em o Novo Testamento ao lado de “tribulações” (Rm
5.3), aflições (2Co 6.4) e perseguições (2Ts 1.4). Mas também está ligada à
esperança (Rm 5.3-5; 15.4,5; 1Ts 1.3), à alegria (Cl 1.11) e, frequentemente, à
vida eterna (Lc 21.19; Rm 2.7; Hb 10.36). O termo ilustra a capacidade de uma
pessoa permanecer firme em meio à alguma pressão, pois quem é portador da
paciência bíblica não desiste facilmente, mesmo sob as circunstâncias das
provas extremas (Jó 1.13-22; 2.10). Tiago encoraja-nos então a alegrarmo-nos
diante do enfrentamento das várias tentações (v.1), pois a paciência é
resultado da prova da nossa fé.
3. Chegar à perfeição. A habilidade de perseverar ou
desenvolver a paciência não acontece da noite para o dia. Envolve tempo,
experiência e maturidade. O meio-irmão do Senhor destaca na epístola a
paciência para que o leitor seja estimulado a chegar à perfeição e,
consequentemente, à completude da vida cristã, que se dará na eternidade. A
expressão “obra perfeita” traz a ideia de algo gradual, em desenvolvimento
constante, com vistas à maturidade espiritual. O motivo pelo qual o cristão é
provado não é outro senão para que persevere na vida cristã e atinja o modelo
de perfeição segundo Cristo Jesus (Sl 119.67; Hb 5.8; Ef 4.13).
SINOPSE DO TÓPICO
(III)
O
propósito das tentações é amadurecer o crente, para que este desenvolva a
paciência e chegue à perfeição.
CONCLUSÃO
Sabemos que todo cristão passa por aflições e tentações ao longo da
vida. Talvez você esteja vivendo tal situação. Lembre-se de que o nosso Senhor
Jesus passou por inúmeras tribulações e tentações, mas venceu todas,
tornando-se o maior exemplo de vida para os seus seguidores. Cada tentação
vencida pelo crente significa um avanço rumo ao amadurecimento espiritual. Um
dia ele atingirá a estatura de varão perfeito à medida da estatura de Cristo
(Ef 4.13). Este é o nosso objetivo na jornada cristã! Deus nos recompensará!
Estejamos firmes no Senhor Jesus, pois Ele já venceu por nós e por isso somos
mais que vencedores.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA
PFEIFFER, Charles
F.; VOS, Howard, F. Dicionário Bíblico Wycliffe. RJ: CPAD,
2009.
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2007.
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. 1 ed., RJ: CPAD, 2007.
EXERCÍCIOS
1. Segundo as
Escrituras o que é tentação?
R. O termo empregado na
Bíblia tanto no hebraico, massah, quanto no grego, peirasmos, para tentação,
significa “prova”, “provação” ou “teste”.
2. Quais são as
origens das tentações?
R. Os desejos humanos. O
ser humano é atraído por aquilo que deseja.
3. Qual é a ideia
que a expressão “obra perfeita” traz?
R. A expressão “obra
perfeita” traz a ideia de algo gradual, em desenvolvimento constante, com
vistas à maturidade espiritual.
4. Qual é o motivo
pelo qual o cristão é provado?
R. O motivo pelo qual o
cristão é provado não é outro senão para que persevere na vida cristã e atinja
o modelo de perfeição segundo Cristo Jesus (Sl 119.67; Hb 5.8; Ef 4.13).
5. O que significa
cada tentação vencida pelo crente?
R. Cada tentação vencida
pelo crente significa um avanço rumo ao amadurecimento espiritual.
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I
Subsídio Teológico
“A Tragédia do Desejo Consumado (1.15)
No versículo 14, concupiscência provavelmente refere-se a qualquer
atração para o mal. A linguagem, no entanto, é mais comumente associada à
indução ao pecado sexual. Tiago usa essa figura no versículo 15 para traçar o
curso do mal, iniciando com um pensamento errado, que resulta em um ato
pecaminoso e termina com o julgamento de Deus. Um pensamento errado dá à luz
quando lhe damos o consentimento da vontade. Segue-se então o ato em si. Sendo
consumado não se refere tanto ao ato completado do pecado, mas sim ao acúmulo
de atos maus que constitui uma vida pecaminosa. Philips associa este versículo
ao versículo 16 e o interpreta da seguinte forma: ‘E o pecado com o tempo
significa morte — não se enganem, meus irmãos!‘” (TAYLOR, S. Richard. Comentário
Bíblico Bacon: Hebreus a Apocalipse. Volume 2, 1 ed., RJ: CPAD,
2006, p.160).
AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II
Subsídio Teológico
“A Tentação Vem de Dentro (1.14)
Tiago conhecia os poderes sobrenaturais do mal que agiam no mundo (cf.
3.6), mas aqui ele procura ressaltar o envolvimento e a responsabilidade
pessoal do homem ao cometer pecados. O engodo do mal está em nossa própria
natureza. Ele está de alguma forma entrelaçado com a nossa liberdade. A questão
é: ‘Será que eu preferiria ser livre, tentado e ter a possibilidade de vitória
ou ser um bom robô?’. O robô está livre de tentação, mas ele também não conhece
a dignidade da liberdade ou o desafio do conflito e não conhece nada acerca da
imensa alegria quando vencemos uma batalha.
Tiago diz que cada um é atraído e engodado pela sua própria
concupiscência. Essa palavra epithumia (‘desejo’, RSV)
pode ter um significado neutro, nem bom nem mal. Assim, H. Orton Wiley escreve:
‘Todo apetite nunca se controla, mas está sujeito ao controle. Por isso o
apóstolo Paulo diz: ‘Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para
que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar
reprovado’ (1Co 9.27)’. Este talvez seja o sentido que Tiago emprega aqui.
No entanto, na maioria dos casos no Novo Testamento, epithumia tem
implicações maléficas. Se for o caso aqui, quando um homem é seduzido para
longe do caminho reto, isso ocorre por causa de um desejo errado. Tasker
escreve: ‘Este versículo, na verdade, confirma a doutrina do pecado original.
Tiago certamente teria concordado com a declaração de que ‘a imaginação do
coração do homem é má desde a sua meninice’ (Gn 8.21). Desejos concupiscentes,
como nosso Senhor ensinou de maneira tão clara (Mt 5.28), são pecaminosos mesmo
quando ainda não se concretizaram em ações lascivas’. Se essa interpretação for
verdadeira, há aqui mais uma dimensão na origem da tentação. Desejos errados
podem ser errados não somente porque são incontrolados, mas porque, à parte da
presença santificadora do Espírito, eles são carnais” (TAYLOR , S.
Richard. Comentário Bíblico Beacon: Hebreus a Apocalipse.
Volume 2, 1 ed., RJ: CPAD, 2006, pp.159-60).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
O Propósito da Tentação
“Não nos deixes cair em tentação”. Foi a oração de Jesus ensinada aos
discípulos. No tempo da provação, angústia, tristeza e sofrimento são
realidades presentes na vida do discípulo de Cristo. Infelizmente, e em nome de
uma teologia, muitos desejam descartar da vida esta realidade humana e não dá
ao seguidor do caminho o direito de sofrer. Não é isto que a Palavra de Deus
nos ensina! Pelo contrário, o sofrimento por Cristo nos dá a oportunidade de
mostrarmos a nossa fé e amor por Ele, como os mártires que não retrocederam na
convicção do Evangelho.
A lição desta semana tem um penoso objetivo: o de resgatar a doutrina
bíblica do sofrimento por Cristo. Esta, por vezes, tem sido esquecida pela
Igreja Evangélica. Quando falamos de sofrimento, algumas pessoas nos perguntam:
“Mas por que o crente deveria sofrer?”; “Devemos ensinar a teologia da
miséria?” etc. Tais perguntas são descabidas, pois não escolhemos sofrer por
Jesus, é Este quem nos escolhe. Por consequência, ao vivermos para Cristo
precisamos estar dispostos a também sofrermos por Ele. Note as palavras do
Meigo Nazareno: “E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si
mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me. Porque qualquer que quiser salvar
a sua vida perdê-la-á; mas qualquer que, por amor de mim, perder a sua vida a
salvará. Porque que aproveita ao homem granjear o mundo todo, perdendo-se ou
prejudicando-se a si mesmo?” (Lc 9.23-25).
As expressões “negue-se a si mesmo”, “tome cada dia a sua cruz” e
“siga-me” significam o convite para peregrinarmos o caminho da execução do
nosso eu. Este é o caminho da Cruz de Cristo! Há, porventura, coisa mais
difícil do que negar a nós mesmos? Esmagar a nossa vontade para fazer a do
outro? A expressão “cada dia” revela-nos que o caminho da cruz deve ser feito
por nós, diariamente, crucificando assim o “eu”. O teólogo French L. Arrington
amplia este conceito: “Tomar a cruz significa uma resolução diária em negar a
si mesmo por causa do Evangelho. [...] Não é questão momentânea, mas um modo de
vida. Os cristãos nunca devem deixar de carregar a cruz” (Comentário Bíblico
Pentecostal Novo Testamento, CPAD, p.374).
O Evangelho não deixa outra escolha: o nosso caminho é o do sofrimento
por Cristo. O ensino de Tiago sobre o sofrimento está em pleno acordo com o
Evangelho de Cristo.
AUXÍLIOS COMPLEMENTARES
Elaboração: Escriba
Digital
INTRODUÇÃO
Palavra Chave
Tentação: A prova da
fidelidade, inteireza, virtude e constância. A solicitação para pecar.
Quando nos tornamos cristãos, temos a ilusão de que a vida será
convertida e não haverá mais problemas, ou testes. Acreditamos que nunca
faltará trabalho, que o orçamento será suficiente para cobrir todas as
despesas, que o casamento nunca irá falhar ou que não teremos a nossa fé
testada. Na realidade não é assim!
Quando temos um objetivo para alcançar devemos saber que as tribulações
virão junto, porque o nosso objetivo faz parte de um contexto social onde cada
passo deverá ser cuidadosamente analisado. Já no contexto Cristão a tribulação
ou tribulações fazem parte dos desafios de transformação pessoal decorrente de
um mundo que anda ao contrário do proposto pela Bíblia e isso nos enche de
aflições (tormentos, adversidades).
É evidente que ninguém gosta de passar por tribulações, mas é igualmente
evidente que todos nós passaremos por elas, querendo ou não. Mesmo Jesus, o
homem mais santo que passou por esta terra, passou pelas aflições. O fato é que
devemos ter em mente que a tribulação não produz apenas dificuldades e dores,
pelo contrário, pode produzir muito mais do que isso. Esse pensamento é a chave
para avançarmos e sermos vitoriosos.
I. O FORTALECIMENTO
PRODUZIDO PELAS TENTAÇÕES (Tg 1.2,12)
1. O que é tentação. A palavra aqui traduzida provações é o termo
grego peirasmos cujo
significado temos que entender plenamente se é que desejamos captar a
verdadeira essência da vida cristã. Peirasmos é prova,
juízo, tentação dirigida para um fim. E este fim é que aquele que é submetido à
prova saia dela fortificado e purificado. O verbo correspondente, peirazein — às vezes
traduzido tentar — tem o mesmo significado. A ideia não é nos seduzir para que
pequemos, mas sim nos fortalecer, nos purificar e nos provar. Por exemplo:
diz-se que uma pintinho prova (peirazein) suas asas. A
rainha do Sabá foi provar (peirazein) a sabedoria de Salomão. É-nos dito
que Deus provou (peirazein) a Abraão quando
lhe apareceu exigindo que sacrificasse a Isaque (Gn 22.1). Quando Israel chegou
à Terra Prometida, Deus não retirou aos povos que já estavam ali, mas sim que
os deixou para que Israel pudesse ser provado (peirazein) na luta contra
eles (Jz 2.22; 3.1,4). As experiências de Israel foram provas que contribuíram
à formação desse povo (Dt 4.34; 7.19).
Este é um grande e inspirador pensamento. Hort escreve: “O seguidor de
Cristo tem que esperar que as provas o impulsionem em seu caminho cristão”.
Teremos toda aula de experiências. Virá a prova da tristeza e do desalento que
tentará arrebatar nossa fé. Virão as provas dos perigos, da antipatia, dos
sacrifícios, coisas nas quais tão frequentemente o cristão se acha envolto. Mas
o verdadeiro propósito para o qual essas circunstâncias nos são enviadas não é
para nos fazer cair, senão para nos elevar. Não são enviadas para que nos
derrotem, senão para que nós as derrotemos. Não são enviadas para que nos
debilitem, senão para que nos fortaleçam. Portanto, não podemos nos lamentar por
causa de tais provas, mas sim, pelo contrário, nos exultar, nos alegrar. O
cristão é como um bom atleta. Quanto mais pesada a tarefa que o treinador lhe
atribui, quanto mais intensifica seu treinamento e por isso mais se alegra o
atleta porque sabe que todo vai capacitando para o vigoroso esforço que o
levará à vitória.
2. Fortalecimento após a tentação (v.2). As provações
são pedagógicas (1.3,4). Nas provações da vida, nossa fé é testada para mostrar
a sua genuinidade, e, consequentemente, levar-nos a um fortalecimento
espiritual.
Quando Deus chamou a Abraão para viver pela fé, ele o testou com o fim
de aumentar a sua fé. Deus sempre nos prova para produzir o melhor em nós;
Satanás nos tenta para fazer o pior em nós. As provas da fé provam que, de
fato, estamos firmes em Cristo. As provações de nossa fé trabalham por nós, e
não contra nós, visto que produzem perseverança. Deus está no controle de nossa
vida. Tudo tem um propósito. Diz o apóstolo Paulo: “E sabemos que todas as
coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus...” (Rm 8.28).
Paulo diz ainda que a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um
eterno peso de glória (2Co 4.17). Em Efésios 2.8-10, Paulo diz que Deus
trabalha por nós, em nós e através de nós.
Ele trabalhou em Abraão, José, Moisés antes de trabalhar através deles.
E assim que Deus faz com você ainda hoje.
Paulo diz em Romanos 5.3-5 que as tribulações são pedagógicas, levam-nos
à maturidade. A palavra hupomone significa
paciência com as circunstâncias, ou seja, coragem e perseverança em face do
sofrimento e das dificuldades. Os crentes imaturos são sempre impacientes. A
impaciência pode acarretar graves consequências: Abraão coabitou com Agar,
Moisés matou o egípcio, Sansão contou seu segredo para Dalila e Pedro quase
matou Malco. Maturidade e fortalecimento espiritual não se alcançam apenas
lendo um livro, é preciso passar pelas provas!
3. Felicidade pela tentação (v.2,12). Tiago orienta seus leitores a
considerarem as tribulações, que funcionam como prova da fé, como motivo para
grande alegria. Evidentemente, o autor não proíbe ao cristão o choro, a dor e a
tristeza pelos infortúnios, desgraças, desastres, perseguições, doenças e
outras tribulações comuns a esta vida, que subitamente vêm sobre nós, para nos provar.
Não é pecado dizer a Deus: “está doendo”, quando a prova se torna intensa. O
próprio Tiago cita Jó como modelo de sofrimento (5.11). E sabemos pelo livro de
Jó que, ao ser provado, ele sentiu profundamente a dor e a tristeza pela perda
dos filhos e de tudo que tinha, e ainda a angústia mental de não saber a causa
de seus sofrimentos (cf. Jó 3.1-26, etc.). Tiago também cita como modelos de
sofrimento os profetas do Antigo Testamento (5.10). Entre os que mais sofreram,
encontramos o profeta Jeremias, cujos lamentos e tristezas estão registrados em
seus livros (Ver Jr 15.10, etc.). Na verdade o que não devemos fazer é nos
afundar numa disposição mental triste e desconsolada, que nos faria desfalecer
nas provações, mas precisamos nos empenhar em manter o nosso espírito elevado e
firme, para melhor discernir a nossa situação, e para maior vantagem nossa
devemos empenhar-nos em fazer o melhor dela. Para agirmos assim precisamos
focar nossa visão não na tribulação, mas, sim, no caráter que ela produz quando
assim agimos. Outra coisa importante que precisamos entender é que alegria e
felicidade não é fruto de circunstâncias externas e matérias, mas de uma
atitude mental produzida pelo Espírito Santo.
Portanto, a alegria é produto do crescimento espiritual, e consiste de
um senso de bem-estar e de regozijo, porque o indivíduo está em harmonia com
Deus, desfrutando da comunhão com Deus que satisfaz à alma e a torna feliz.
II. A ORIGEM DAS
TENTAÇÕES (Tg 1.13-15)
1. A tentação é humana. A concepção de Tiago é de que
Deus jamais induz o crente à tentação de tal maneira que a única opção que ele
tenha seja a queda. Face a decisão tomada por Caim de matar seu irmão Abel,
Deus o adverte no sentido de que ele resista àquela tentação e que sobre ela
tenha controle (Gn 4.7). Caim caiu, tornou-se o primeiro homicida, não porque
essa fosse a sua única opção. Ele caiu sob a tentação porque escolheu assim
fazer.
O apostolo Paulo tinha compreensão da afirmação de Tiago (“Deus não pode
ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta”), quando escrevendo aos crentes de
Corinto e a nós hoje, disse: “Não veio sobre vós tentação senão humana; mas
fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis, antes com a
tentação dará também o escape, para que possais suportar” (1Co 10.13). E nos
escritos do apóstolo João ele nos mostra que as más inclinações do coração do
homem estão perfeitamente alinhadas com “a concupiscência da carne, a
concupiscência dos olhos, e a soberba da vida” (1Jo 2.16). Portanto, o maior
problema do cristão é quando ele permite que a fraqueza da carne, a busca pelo
prazer e a força da tentação vença a sua determinação de não ceder.
2. Atração pela própria concupiscência. Tiago usa
duas figuras para ilustrar o engano da tentação: a figura do caçador que usa
uma armadilha (atrai) e a figura do pescador que usa o anzol com isca (seduz).
Se Ló pudesse ver a ruína que estava por trás de Sodoma, e se Davi pudesse ver
a tragédia sobre a sua casa quando se deitou com Bate-Seba, eles jamais teriam
caído. Precisamos identificar a isca e a arapuca do diabo, para não cairmos na
rede de seu engano. Com isso, ele deseja destacar mui claramente que a tentação
se origina realmente em nós e que, dessa forma, somos nós mesmos os
responsáveis pelo pecado que cometemos. Somos tentados por nossa própria
cobiça. Tiago está consciente de que o fato de seus leitores serem crentes em
Jesus Cristo não os livra da presença da cobiça no coração. Aliás, ele os
adverte de que a origem das guerras e contendas entre eles são os “prazeres que
militam na vossa carne” (Tg 4.1 — ARA).
Assim como os rabinos, que falavam de um “impulso maligno” (Gr. yeserhara) que habita em
cada pessoa, Tiago parece pensar na tendência inata do homem em direção ao
pecado. A tentação brota deste “impulso maligno”, quando este atrai e seduz o
homem. O primeiro verbo (Gr. exelkō) tem o sentido de alguma coisa que
arrasta pela força, enquanto o outro (Gr. deleázō) sugere a atração
exercida por uma isca. Os dois termos eram usados num sentido metafórico para
descrever a força atrativa do prazer ou de professores convincentes. Mas,
provavelmente, ainda está presente a figura da pesca, com a qual as palavras
estavam originalmente associadas: a “cobiça” é como um anzol com sua isca, que
primeiro atrai sua presa e depois a arrasta. Se a atração superficial da
“cobiça” não sofrer uma brava resistência, a pessoa poderá acabar “fisgada”,
incapaz de fugir de seu engodo todo-poderoso.
3. Deus nos fortalece na tentação. JESUS sabia que seus discípulos
não conseguiriam na sua própria força fazer tudo o que ele lhes havia ordenado.
Levando-se em conta a magnitude de sua missão de pregar, a força dos opositores
e a fragilidade humana, era evidente que eles necessitariam de força
sobrehumana. Assim, pouco antes de sua ascensão ao céu, Jesus garantiu a seus
discípulos: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre
vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e
Samaria, e até aos confins da terra” (At 1.8). O poder que Deus concede a seus
servos por meio do Espírito Santo habilita cada um de nós a cumprir nossa
dedicação cristã e, quando necessário, a resistir a forças negativas empregadas
contra nós.
Os últimos dias nos quais vivemos, em especial, são “tempos trabalhosos”
(2Tm 3.1). A influência do adversário é muito difundida e sedutora. Satanás
tenta enganar e tornar o pecado atraente. Mas todo cristão é capaz de derrotar
Satanás e vencer a tentação. Todo servo de Deus tem o poder do alto para vencer
a tentação. Aqueles que se humilham perante Deus e oram continuamente por
forças não serão “tentados além do que [podem] suportar”. Se obedecerem
voluntariamente aos mandamentos, o Pai Celestial vai fortalecê-los para que
suportem as tentações.
Paulo ensina que Deus pode nos capacitar para vencermos as tentações se
permanecermos fiel à Sua Palavra (1Co 10.13-22). Atentemos para as palavras do
apóstolo: “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que vos
não deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o
escape, para que a possais suportar” (1Co 10.13).
Deus permite que sejamos tentados (provados), porque Ele sabe até onde
podemos suportar. A palavra “tentação” mencionada nesse versículo é peirasmos, uma palavra muito
mais próxima de prova e teste, do que tentação. A tentação tem uma conotação
negativa para nós. E algo colocado no nosso caminho para nos fazer pecar
enquanto a prova é algo que Deus permite em nossa vida para nos depurar,
purificar e fortalecer. Deus não tenta a ninguém, Deus prova (Tg 1.13). Quem
tenta é o diabo. Quando Deus permite uma prova em nossa vida é para nos
fortalecer e nos conduzir à vitória.
Paulo não diz que Deus vai livrá-lo da prova, mas com a prova Ele vai
prover livramento. Às vezes queremos ficar livres da prova e libertos do
problema. Deus não impediu que os três amigos de Daniel fossem jogados na
fornalha; não impediu que Daniel fosse jogado na cova dos leões nem que Pedro
fosse para a prisão. Deus não os livrou da prova, mas na prova.
III. O PROPÓSITO DAS
TENTAÇÕES (Tg 1.3,4,12)
Não deveria o crente olhar para a provação com medo ou pesar, mas olhar
além da provação, para os resultados que ela produz.
1. Para provar a nossa fé (v.3). Quando Deus chamou Abraão para
viver pela fé, ele o provou a fim de aumentar essa fé. Deus sempre nos prova
para fazer aflorar o que temos de melhor; Satanás nos tenta a fim de fazer
aflorar o que temos de pior. A provação de nossa fé mostra que somos,
verdadeiramente, nascidos de novo. Pois só quando a fé é provada em meio as
tentações e adversidade da vida é que ela se transforma em testemunho vivo de
fidelidade diante de Deus.
A provação trabalha a nosso favor, não contra nós. A tradução para a
palavra “confirmada” na versão revisada é “aprovada”. Mais uma vez, o apóstolo
Pedro nos ajuda a entender melhor essa afirmação: “Para que a prova da vossa
fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache
em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo” (1Pe 1.7). Prova é a
palavra usada para crisol em Provérbios 27.21 (LXX).
O garimpeiro leva amostras de minério ao contrasteador para testá-la. A
amostra, em si, não vale mais do que alguns trocados, mas a aprovação — a
declaração oficial sobre o minério — vale milhões! Dá ao garimpeiro a certeza
de que tem uma mina de ouro. A aprovação de Deus de nossa fé é preciosa porque
garante que nossa fé é autêntica. Portanto, não importa quão difícil ou
desagradável seja a provação, é por meio dela que Deus está aperfeiçoando o
crente.
2. Produzir a paciência (vv.3,4). Podemos ver na Bíblia muitos
exemplos de pessoas cuja paciência foi característica de sua caminhada com
Deus. Tiago nos aponta aos profetas: “Meus irmãos, tomai por exemplo de aflição
e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor” (Tg 5.10). Ele também se
refere à Jó, cuja perseverança foi recompensada: “Eis que temos por
bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e vistes
o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso”
(Tg 5.11). Abraão também foi paciente: “E assim, esperando com paciência,
alcançou a promessa” (Hb 6.15). Assim como Jesus é o nosso modelo em todas as
coisas, Ele demonstrou ser o modelo perfeito com sua perseverança paciente:
“Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava
proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do
trono de Deus” (Hb 12.2).
O exercício da paciência é uma qualidade bastante difícil nos dias em
que vivemos, principalmente devido ao corre-corre de nosso dia a dia, mas é de
imprescindível importância para o crente que deseja ir morar no céu. É nos
momentos de maior tensão que somos testados nessa qualidade do fruto do
ESPÍRITO que está implantada em nós. É notado e louvado o cristão que consegue
ser paciente diante das adversidades que surgem em seu viver terreno. Somente
com a ajuda do ESPÍRITO SANTO é que conseguimos exercer paciência e ajudar aos
que estão a nossa volta, a passar pelas tribulações do cotidiano.
Muitos crentes oram pedindo paciência, como se esta fosse uma virtude
comunicada diretamente e exclusivamente por Deus. Com o fato de que a paciência
é uma virtude aprendida, resultante das provações da vida, concorda o apóstolo
Paulo quando escreve: “...a tribulação produz a paciência” (Rm 5.3). Portanto, que
nenhum de nós se assuste ao ver multiplicada as suas tribulações, pois a
paciência, perseverança é produzida em meio a dificuldades e tribulações da
vida. A única maneira de o Senhor desenvolver paciência em nossa vida é por
meio das tribulações. A paciência sob as provas nos guardará de dizer e fazer
aquilo que nos prejudique a alma e aos que se acham ao nosso redor. Sejam as
nossas provações quais for, coisa alguma nos pode causar sério dano, caso
exerçamos paciência.
3. Chegar à perfeição. Deus não edifica nosso caráter
sem nossa cooperação. Se resistirmos, vai nos disciplinar até nos rendermos.
Mas se nos sujeitarmos, ele realiza sua obra. Deus não se contenta com um
trabalho inacabado; quer realizar uma obra perfeita e deseja que o produto
final seja maduro e completo.
O objetivo de Deus para nossa vida é a maturidade. Seria trágico se
nossos filhos permanecessem bebês pelo resto da vida. Gostamos de vê-los
amadurecer, mesmo quando a maturidade traz consigo certos perigos. Muitos
cristãos guardam-se das tribulações da vida e, como resultado, nunca crescem.
Provado e aprovado por Deus, Davi pôde testemunhar da sua capacidade de
esperar com paciência no Senhor, em meio às circunstâncias de adversidades da
vida (Sl 40.1-3). Mas ao contrário do doce salmista de Israel, muitos crentes
tem perdido excelentes oportunidades de crescerem espiritualmente e de
desenvolverem o seu caráter em meio as provações pelas quais passam.
Desenvolver um caráter cristão requer paciência e perseverança. David O.
McKay disse que assim com um escultor que leva algum tempo para moldar a partir
de um material bruto e disforme uma linda obra, levamos uma vida para esculpir
a nossa própria alma. Se “ela vai terminar deformada ou se revelará algo
admirável e belo”, depende de nós, da nossa disposição em trabalhar para esse
fim.
CONCLUSÃO
Tiago procura nos dizer que, a paciência cristã é aprendida com as
provações da fé, e uma vez que há um fruto espiritual resultante de toda
demonstração de fé nas provações, então estas devem ser acolhidas com grande
alegria e não com tristeza, porque são oportunidades para glorificarmos o nome
de Deus, e experimentarmos Seu poder consolador e libertador, através delas, em
crescimento rumo à nossa maturidade espiritual.
Deste modo, o alvo da provação é muito mais do que simplesmente
confirmar e aperfeiçoar a nossa fé, pois se refere, sobretudo ao nosso
amadurecimento espiritual. Assim, a paciência é algo para ser aprendido e
também para ser aplicado na hora da provação. Dificuldades e aflições dolorosas
pode ser a porção até mesmo dos melhores cristãos, e é isto que o Espírito nos
ensina pelas palavras do apóstolo mais do que uma vida para vivermos neste
mundo há um testemunho e uma obra que devemos fazer para Deus.
BIBLIOGRAFIA
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Versículo. Vol.6. Hagnos.
Matthew Henry. Comentário Bíblico do Novo Testamento — Volume VI — Atos
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